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A história de seu personagem

HeroesUma das coisas que eu mais gosto do novo gerador de personagens de D&D para a 4a edição é que eu posso parar de olhar os campos com números em branco, e ficar mais tempo olhando aquela caixinha “História do personagem” por mais tempo. Eu sou da escola em que um personagem de D&D não precisa de uma história imensa; afinal ele pode morrer na primeira sessão de jogo. Sua experiência pode ser diferente, claro.

O mínimo de história é importante para diferenciar seu personagm do anterior. Na minha opinião, um personagem de 1º nível de D&D sempre deveria ter as seguintes informações definidas e escritas na ficha:

  • O conceito do personagem. Que seu PdJ é um Rogue e Striker já dá pra ler na primeira página. Mas o que define seu personagem? É um vigarista? Um Robin Hood? Um ex-marginal? O conceito é muitas vezes uma palavrinha, mas que já dá outra definição ao seu personagem.
  • De onde ele vem? Não precisa preencher páginas descrevendo a bucolidade do Condado, mas diga qual a origem do seu PdJ. Se for um cenário publicado, como Forgotten, é mais fácil, senão, peça uma sugestão ao seu DM se você não conhecer o mundo dele. Essa também é uma palavinha que instantaneamente cria um vínculo com o mundo à volta do PdJ, e já dá alguns ganchos e motivações.
  • Traços particulares. Adicione tempero à gosto: descreva seu PdJ fisicamente, adicione algumas características peculiares e pronto.

Qualquer coisa adicional é bônus: dramas pessoais, família, infância, amigos, negócios não terminados, relacionamentos do passado, e por aí vai. Eu acho que esse tipo de coisa você pode ir adicionando a um personagem a medida que a história vai andando, e a coisa vai funcionando com num livro: você não descobre tudo sobre seu protagonista nas primeiras páginas.

Mas, claro, esse é o caso em que pecar pelo excesso pode ser positivo. Por exemplo, vejam as histórias de personagens legais que o pessoal do RPG Sem Compromisso escreveu, ou ainda a história muito legal que a Dani Toste mandou de sua personagem de D&D Priska.

Vários outros blogs e rpgistas já comentaram sobre esse assunto, dêem uma olhada:

E vocês? Vocês preferem personagens iniciais com pouca história e ir incrementando ou já detalhar o máximo possível?

Imagem de Wayne Reynolds

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

19 respostas em “A história de seu personagem”

Esta mensagem não é sobre o texto em si, mas sobre a imagem escolhida para ilustrá-lo. Como grande fã desse artista devo dizer que esta imagem foi feita pelo Wayne Reynolds e não por Imagem de William O’Connor como está escrito.

Putz, você está certíssimo! Wayne Reynolds, grande ilustrador dos livros da Pathfinder, certo? Já estou arrumando o post, obrigado por apontar o erro crítico!

Eu prefiro deixar bastante coisa em aberto, pra encaixar com o clima / trama da aventura depois (ah, então ELE é meu pai! ca@#$%&!). Mas as vezes voce tem idéias geniais, e não quer gastá-las com uma aventura que talvez não vingue. Ou as idéias legais demoram um tempo pra vir. Enfim, prefiro ir aprofundando aos poucos.

Constumo usar o background para justificar ou definir algumas coisa que estão na ficha do meu personagem.

Certa vez fiz um halfling rogue/ranger, para justificar o multiclassing, defini que o personagem havia sido criado/treinado por elfos, sendo assim coloquei na ficha dele também a lingua "elven". Da mesma forma quando criei um Rogue/Cleric para uma campanha de Ravenloft coloquei no BG do personagem que ele era um ladrão de relíquias religionas (rogue level 1) e durante um roubo sofreu um acidadente e se machucou bastante, e mesmo sendo reconhecido como o ladrão de igrejas, ele foi acolhido no mosteiro pelos padres que lhe ensinaram o caminho da fé enquanto tratavam seus ferimentos.

Nerdcore

Fui "jogador" poucas vezes e o meu personagem mais duradouro foi um Paladino de Torm (ainda no AD&D), lembro que o background dele era bem simples e acabei incorporando mais fatores na medida em que a campanha foi rolando. Olhando para trás percebo que foi por inexperiência mesmo, se fosse hoje daria mais atenção ao background, com o tempo acaba-se percebendo o quanto da diversão está na experiência de "criar" um individuo. Já se passaram uns 8 anos desde o Paladino e de lá pra cá só tenho atuado como DM e uso essa preocupação com o individuo na elaboração dos NPCs, tenho sorte pois a maioria dos jogadores de meu grupo tem essa preocupação de expandir o background desde antes da ficha, as vezes até demais… 🙂

Acho que os DMs jogam tão pouco que sempre se apaixonam pelos seus raros personagens. Eu joguei com um Transmuter por um tempão, e adorava jogar com ele. Tinha descrito a árvore genealógica inteira dele, mas ele já estava lá pro nível 12 (de D&D 3.0).

Engraçado, eu tenho o mesmo ponto de vista que tu escreveu aí, Anand. Descreva um conceito básico, uma origem/motivação básica, e o resto vai aparecendo conforme o jogo anda. Eu tive um artífice LN em eberron que lá pela 10ª sessão de jogo os jogadores (eu incluso) foram descobrir que ele era casado, e por isso brigava tanto com o grupo quando eles corriam riscos desnecessários. Ele tinha alguém pra voltar toda noite, e os colegas não.

Atualmente eu estou jogando com um guerreiro ex-cultista de Torog que está buscando rendição e um lugar pra fazer a diferença. Infelizmente encontrou pessoas erradas que se aproveitaram disso para manipulá-lo. Hoje, depois de umas 20 sessões longe de "casa", ele tem uma base melhor do que é fazer o bem, e já começou a se estranhar com seu atual patrão. A qualquer momento pode rolar um quebra-pau, mas o mestre enrola demais.

Já tiduas experiências interessantes de background, uma como jogador, outra como mestre. E ambas no D&D 3e.

Como mestre, comecei a rolar um jogo despretencioso logo no início da nova edição (carnaval de 2000 ou de 2001, se não me engano). Acabou que o jogo despretensioso virou a campanha mais durável e épica que mestrei. Jogar do 1° ao 13º nível pode não parecer grande foi, mas foi um feto inédito para mim! Bom, por volta do 7 nível, eu achei pela net um questionário para montar background dos PC´s e foi interessante, porque através dessas perguntas, ajudou a estabelecer não apenas o passado de cada personagem, mas a ainda a própria interação entre eles. Rendeu muitos frutos!

O outro exemplo, um pouco mais desastroso, foi numa campanha "paragon" de Forgotten Realms, com todo mundo já começando em nível mais alta. O mestre requisitou que todos elabarassem um bom background mostrando a vida pregressa dos personagens, além de preencher o tal questionário. Sei que foram umas três ou quatro semanas de preparação para o jogo, com intenso debate por e-mail a respeito das históricos e tal. E o resultado? A campanha não durou mais do que um jogo! Claro que isso nada (ou pouco) teve a ver com o background (apesar que eu acho que acabou sofrendo do mesmo mal de Vampire – o plotiocentrismo de cada PC), mas mostra como pode ser fútil desenvolver muito e jogar pouco.

Atualmente, eu gosto que meus jogadores definam três tópicos básciso:
• Quem ele é;
• De onde ele vem;
• Qual a sua motivação.

A partir desses três já da pra ter noções de sua história, relação com família, NPCs e até com o futuro grupo. E com o passar do tempo, vamos explorando o resto do conceito durante a campanha.

Eu já joguei um jogo em que o mestre "premiou" com níveis os melhores backgrounds, na opinião dele. Ele não gosta de personagens iniciantes, quer que o jogador dê motivos para seu personagem se tornar um aventureiro; não um "Zé Mané" que de repente tem que "salvar o mundo".

Eu fiz um background bem elaborado, de um personagem evil. Ele era cego e usava magia das Trevas (sistema Daemon). No decorrer da aventura, ele começou a mudar e surgiu amizade entre ele e os outros personagens, amizade que o levou a abandonar seu lado maligno.

Estou impressionado de ninguém ter citado o caso do jogador que usa o «background» para justificar alguma apelação (diabos, até eu já fiz isso!). Nunca vou me esquecer do jogador que chegou pra mim com o «background» de seu clérigo de Tiamat, um elfo criado por kobolds… por Crom!

Há jogadores que querem justificar acesso a vantagens (aliados, recursos, contatos, etc.) através de «background», a custo zero em termos de pontos de personagem. Isso é ridículo e GMs deveriam ficar muito atentos — até porque isso dificilmente é um caso isolado; jogadores que fazem isso quase nunca são réus primários.

Outro problema de «background» é quando ele é extenso; numa mesa com quatro, cinco jogadores, acabará sendo desperdiçado, porque o GM tem um jogo para comandar e não pode ficar colocando elementos dos «backgrounds» de todo mundo o tempo todo. Por isso um «background» sucinto (200 palavras, no máximo) é o que peço de meus jogadores — quando neguim me aparece com *duas folhas sulfites* impressas com fonte tamanho 8, eu devolvo sem ler. Não vou usar o «background» do cara, porque há outros 2d3 jogadores na mesa cujos personagens precisam da mesma atenção.

Embora como narrador eu goste que os personagens pensem no que seus personagens fizeram antes de se tornarem aventureiros, eu aprendi, nas raras oportunidades que jogo, que o melhor background é aquele que é desenvolvido com o passar das aventuras.

Meu último personagem era um Humano Guerreiro numa campanha em Ravenloft. O background dele, quando no primeiro nível, dizia apenas: "Nascido e criado na região dos Vales, em Toril, Dorahammer se viu envolto por uma densa névoa quando caçava e quando a mesma se dissipou, se viu numa região completamente diferente. Agora, ele busca uma forma de voltar para casa".

Sem dúvida, o meu personagem mais memorável.

Quando estou mestrando eu costumo fazer na primeira sessão um "brainstorming" com os jogadores, fazendo perguntas sobre o personagem e sem dar muito tempo ao jogador para pensar na resposta, os resultados são sempre interessantes.

Um dos personagens com o qual mais gostei de jogar foi um Gnomo Adivinho, cuja escola proibida era Ilusão (isso mesmo, um Gnomo que não sabia/conseguia fazer ilusões).

O background era que ele tinha nascido com uma "anomalia mística" que o impedia de conjurar ilusões, mas ao mesmo tempo tinha um dom inato para adivinhação, o DM então determinou que ao invés de conjurar 1 vez por dia Prestidigitação, Globo de Luz e Som Fantasma, ele conjurava Prestidigitação, Globo de Luz e Detectar Magia.

Outro lance legal é que ele foi abandonado pela família de Gnomos e adotado por uma família de Humanos Adivinhos, como os Gnomos só atingem a maturidade por volta dos 60 anos ele foi criado por 3 gerações diferentes de humanos, ele tinha um "pai-avô", um "pai-pai" e um "pai-irmão".

Adoro Background, acho que tenho um Que para novelas rpgisticas, por mais macabro que eu as invente.
O drama faz parte da vida de um aventureiro em qualquer sistema. Nunca fiz um personagem com aquela tosca idéia de que meu avô era guerreiro, meu pai era guerreiro, por isso sou guerreiro. Tem que ter um motivo (geralmente doloroso) para encarar o mundo dificil de todo sistema de rpg (nunca democratico) como um verdadeiro GUERREIRO.

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