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Adaptando aventuras prontas

Hoje a introdução é diferente: olá DMs!

É, o meu público alvo hoje são os Dungeon Masters, porque vou falar sobre adaptar aventuras prontas para seu cenário de campanha favorita. Finalmente chegou em casa a mega-aventura Revenge of the Giants, que comprei na Amazon, e que vai ser a aventura para os próximos seis níveis da minha campanha Escamas Negras (ex-Escamas Púrpura). Depois que revi o plot geral da aventura, que gostei, vi que precisaria de fazer várias modificações para que eu pudesse tirar ao máximo das minhas sessões de RPG.

Se você não for jogar essa aventura, pode ler vários trechos (em inglês), e ver a galeria de arte do livro. Mas então o que eu recomendo então que os DM façam ao mestrar aventuras prontas? Ou, pelo menos, o que vou fazer para dar o gostinho do nosso jogo a uma aventura “isopor”?

Não tenha medo de mudar

De cara, mude o vilão, se você tiver um melhor. Se você já está jogando a algum tempo, muitas vezes será melhor reutilizar um vilão já odiado pelos PC (agora com mais motivos para ser odiado) do que introduzir outro vilão. Se for muito complexo ou demandar muitas alterações, deixe o vilão original, mas faça ele trabalhar junto com os vilões já conhecidos do seu mundo. Da mesma forma, sempre prefira os seus NPCs já conhecidos pelos jogadores a NPCs novos. Claro, se a aventura tem algum NPC bacana, mande bala. Cidadela sem Sol sem o Meepo ou Fortaleza no Pendor das Sombras sem o Splug ou o Kalarel não são a mesma coisa! Mas use os monstros ou aliados mais fuleiros para reaproveitar aqueles NPCs legais que você colocou nas sessões antigas e não teve chance de aproveitá-los mais.

Use seu cenário

A aventura Revenge of the Giants é situada no mundo genérico do D&D 4a edição, mas minha campanha é em Forgotten Realms, os reinos esquecidos. Então, é importante fazer algumas mudanças na aventura, ainda que sutis, para deixar claro que estamos em Toril, não em um mundo genérico. No meu caso, irei utilizar mais os deuses de FR (dei sorte que Bane agora é do panteão genérico!), e usar a história dos Deuses vs. Primordiais que apareceu no ret-con do FR 4e. Ainda estou buscando no mapa de Toril o melhor lugar para colocar a aventura, e isso também vai influenciar: é bacana fazer uma relação de-para de lugares e nomes para referência.

Outra maneira de usar seu cenário é combinando com a dica anterior. Por exemplo, o vilão numa aventura genérica pertence a um grupo de fanáticos, mas em FR faz parte do Culto do Dragão. O aliado da cidade poderia ser um Harpista. Esses pequenos detalhes vão, aos poucos, tirando o gosto de “isopor”.

Use sua campanha

Um ponto essencial é como o DM deve ligar a aventura a seus personagens. O DM deveria procurar na história dos personagens da aventura dicas para quests, motivações e ganchos. Crie a narrativa de maneira a fazer com que os jogadores (e, conseqüentemente, seus PCs) realmente se importem com as conseqüências da falha em salvar o mundo/a cidade/a princesa ou o que for. Eu estou procurando o que motiva os personagens da campanha para dar a eles o empurrão para a glória. Além disso, espero conseguir resolver várias das sub-tramas que os jogadores sugeriram para seus personagens. Wren irá reencontrar drows de seu passado, as irmãs irão finalmente se resolver com Szass Tam (ou não), e por aí vai.

Além disso, isso se combina com a primeira dica. Lembra daqueles ganchos que você ainda não teve tempo de explorar mais? De repente eles se encaixam em algum ponto ou localidade da aventura pronta.

Não exagere

No meu caso, estou usando uma aventura pronta basicamente porque não estou com tempo o suficiente de preparar a aventura completa. Por isso, apesar de estar mudando algumas coisas, não quero (e não posso) exagerar. Minhas mudanças devem ser tais que eu consiga utilizar de maneira integral os encontros táticos e desafios de perícia, por exemplo. Não quero precisar de ir atrás de fichas de itens, monstros ou NPCs, quero no máximo trocar uns nomes e inventar umas histórias novas. Se o DM perceber que está mudando tudo, de repente essa aventura pronta não vai funcionar: simplesmente tire o que achar legal, e desencane de todo o resto!

Quando eu terminar de ler a aventura inteira, e mestrar algumas sessões, publico uma resenha da aventura, okei? Afinal, são 160 páginas de muita pancadaria exemplar!

Eu gostaria de detalhar mais o que estou fazendo, mas aí eu daria muito spoilers para meus jogadores! Pretendo jogar a primeira sessão dessa aventura nesse final de semana, e espero rolar vários 20 nas fuças da minha mesa!

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

10 respostas em “Adaptando aventuras prontas”

Eu tb uso as aventuras prontas, porque não tenho tempo de prepará-las, e faço adaptações.
Minha pergunta é: como vc está fazendo com os mapas (grids de batalha)? Porque nas aventuras prontas não vem todos os mapas necessários e perde-se muito tempo desenhando-os na hora (e não tenho tempo para prepará-los com antecedência).
No KotSF, primeira aventura da 4ed, eu achei na internet todos os mapas (grids) necessários, os imprimi, e meus jogadores adoraram. Estou para começar a segunda aventura mas ainda não encontrei todos os mapas dela, e os que encontrei não tem uma qualidade tão boa quanto os da primeira.
Gostaria de saber o que você faz (desenha, imprime) e se tem os mapas completos das outras aventuras oficiais? Se os tiver, poderia colocar os links no blog, não acha?
Abraços e parabéns pelo blog.

Em geral, eu desenho em cima de um mat de vinil, ou agora do Battlemat da Paizo que trouxe dos EUA. Ocasionalmente, uso Dungeon Tiles, mas fico com preguiça de separar e levar. E, em encontros específicos, uso os mapas que vem com as aventuras, como foi o caso do Keep on the Shadowfell, Thunderspire Labyrinth e a própria Revenge of the Giants.

Eu acho bem rápido desenhar o mapa, coisa de dois-três minutos. Mais ou menos o mesmo tempo que nosso warlord demora para determinar sua ação (ataque de oportunidade!)

Eu costumo imprimir os mapas de região e cidades, no entanto, facilita a consulta na mesa.

Eu venho adaptando aventuras prontas para meus próprios cenários a minha vida toda, e a 4e até hoje é a mais fácil de fazer isso. Suas aventuras prontas (tanto as que são um livro sozinho quanto as da Dungeon Magazine) são praticamente modulares, seja o plot, os vilões, os vilarejos/cidades e, principalmente, os encontros. Em 2009 misturei Heathen com The Village of Hommlet e coloquei no meio de uma mega-aventura de Dragonlance que mestrei e os jogadores nem perceberam.

Eu deveria ter pensado em escrever minha técnica para fazer isso, mas você foi mais rápido novamente, Daniel Anand. Um dia teremos que resolver isso na Cúpula do Trovão!
My recent post Comportamento de massa

Até agora meu uso de aventuras prontas foi, que me lembro:

Keep on the Shadowfell;
Encontros do Dungeon Delve;
Thunderspiry Labirynth;
One Dark Night at Weeping Briar;
Delve Night de Março;
Monument of the Ancients;

Também inventei vários encontros, como os encontros o Sharn, com a Aboleth Sovereignty, a torre do lich, o were-tiger e os demônios que aprisionaram a Calima, e outros. Por outro lado, na campanha das 13 tribos de Xendrik só usei alguns Dungeon Delves, o resto foi preparado por mim.

Assim como sou novato na 4e, tbém nunca tinha usado aventuras prontas nas minhas mesas. Mas a falta de tempo me impeliu para esse caminho e tenho gostado muito.

Claro que seria muito mais difícil sem as dicas de vocês, então eu agradeço uma vez mais!

Eu irei iniciar uma aventura em Eberron no próximo sábado se tudo der certo.
Pra iniciar, peguei partes da The Forgoten Forge, adicionei a outras da Shadows of the Last War, acrescentei minhas próprias idéias e agora já tenho algo planejado.

[Spoiler XD]
Um exemplo do que estou falando:

Em SotLW, os PCs trabalham para Lady Elaydren d'Cannith para encontrarem peças de um antigo quebra-cabeças. Elaydren serve à Jorlanna d'cannith embora se diga fiel à Merrix d'cannith.
Na minha aventura, os PCs ajudam o artifice Rynard d'Cannith a encontrarem partes de um quebra-cabeças. Rynard trabalha para Elaydren e está sendo enganado e usado pela mesma. Por sua vez Rynard estará usando e mentindo aos PCs sem que saiba disso ou seja essa sua intenção. Enquanto isso estarão sendo perseguidos por um warforged chamado Axe à serviço do Lord of Blades.

Cara, nada como uma Aventura Própria, mas as aventuras prontas, ajudam o narrador a colocar sua mente no lugar, poxa, é tanta coisa pra fazer: Trabalho (ou escola no caso de alguns), o cara também tem que da uma curtida na vida, e curtir umas festas, e pra isso que serve as aventuras prontas, eu prefiro usar um cenário próprio que eu criei, e uma história própria, mas por enquanto vou ficar por essas.

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