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Galeria da Infâmia – Iggwilv!!!!

iggwilv

O troll atravessou a última linha de guerreiros em meio a uma onda de destruição e gritos dos feridos. Corpos voavam pelo ar cada vez que a sua enorme clava silvava em círculos. O monstro veio direto para nós em meio à sua fúria cega parecendo imune aos golpes dos inimigos que ainda resistiam. Ele arremeteu direto pelo corredor seguido por uma horda de orc que bradava em vitória avançando para a carnificina enquanto levantavam os estandartes sangrentos da Rainha Bruxa, Iggwilv. Só restávamos nós para tentar detê-los.

– Arqueiros, preparar! – retesei o arco até o fim sentindo os braços tremerem de exaustão e olhei para o lado. Natasha estava ofegante mas suas mãos não tremiam enquanto desenhava complexos símbolos arcanos no ar e eu podia sentir o ar estalar enquanto a magia era reunida e direcionada para o inimigo. Reuni toda a atenção nos alvos para o tiro impossível e, por um segundo, o mundo ficou em silêncio: -Fogo!!!!

Os orcs entraram em meio a uma tempestade de flechas e os gritos de desafio se tornaram ganidos de dor e medo. Minhas flechas voaram certeiras guiadas pelo deus dos desesperados e afundaram nos olhos do troll que soltou um grito aterrorizante e caiu se debatendo em espasmos esmagando os aliados ao redor. Um segundo depois, Natasha liberou todo o poder da tempestade de uma vez. O seu corpo esguio e frágil pareceu quebrar enquanto relâmpagos estalavam e cruzavam o ar caindo em meio à horda invasora e ceifando dezenas de monstros. Ela gritou em fúria vingativa até esgotar as últimas energias que lhe restavam e caiu de joelhos em meio ao círculo ainda fumegante queimado pelo seu poder.

– Acabou? – perguntou um dos jovens arqueiros da guarda da Academia Arcana.

– Isso só foi o começo, peguem tudo o que puderem empilhar, vamos fazer uma barricada e montar a defesa.

– Acha que a ajuda chegará a tempo, ranger? – Natasha tirou o cabelo da testa suada deixando um rastro de poeira e sangue. Ela respirava irregularmente e tentava esconder a própria exaustão. O robe com símbolos arcanos estava rasgado e sujo e ela só se mantinha em pé com ajuda do cajado.

– Não tenho certeza se alguém recebeu os nossos pedidos de ajuda. E os outros Arautos estão muito longe agora. – fui juntando as flechas perdidas pelo chão e tentando organizar os pensamentos. – Como diabos essa horda chegou até aqui sem aviso? Como eles passaram tão facilmente pelas defesas? E justo agora, com o Códex Arcannum fora do cofre dimensional?

Eu levantei os olhos e encarei Natasha. Ela me fitava com os grandes olhos negros indecifráveis.

– Traição! – sussurrei sentindo a cólera me inundando.

– Estava me perguntando quando você perceberia isso. – a ironia soava oca na sua voz cansada – Evidentemente você não está acostumado à vida entre magos. Iggwilv pagará qualquer preço pelo Códex Arcannum e as suas… habilidades de sedução são lendárias.  Dizem que ninguém pode resistir…

– Ela não me seduziria… – gracejei – não gosto de bruxas velhas…

Ela me beijou e em meio à devastação, por um momento havia só ela e eu. Queria que isso tivesse durado para sempre.

– Estou ouvindo um chamado de reunião. Os orcs estão preparando o próximo ataque! – contei rapidamente os defensores. Eram poucos demais. Assustados demais. – Não podemos segurá-los mais. Vamos derrubar as colunas do teto e tentar atrasá-los com os escombros. – Depois da morte de todos os oficiais, eles me obedeciam sem protestar. Resignados à morte próxima.

– Ela não se importa conosco. Tudo o que ela quer é o Códex. Enquanto ele estiver aqui, nada vai detê-la. Precisamos de outro plano. – disse Natasha estremecendo a cada chamado das trombetas orcs.

Pensei rapidamente. O desespero dá uma incrível criatividade.

– Então vamos tirá-lo daqui!

– Você está louco?! O arquimago nunca vai permitir isso! – ela apertou minha mão com uma força que eu não imaginava nela. – E o Códex está trancado numa sala com chaves secretas, ninguém sabe onde elas estão!!!

Puxei Natasha comigo para a escadaria. Atrás de nós ouvíamos as grandes colunas caindo e obstruindo todas as passagens ao mesmo tempo em que os tambores marcavam a marcha para os invasores que se aproximavam.

– Essa carnificina tem que acabar! Se conseguirmos sair da torre com o Códex poderemos mantê-lo longe de Iggwilv até os outros Arautos voltarem com reforços. – puxei a corrente de ouro escondida sob a minha armadura de couro e mostrei as chaves de cristal. – O Paladino me entregou isto antes de partir. Ninguém sabe que eu estou com elas.

Natasha ficou boquiaberta fitando as chaves e olhou para mim incrédula:

– Eu sabia que você era um homem de muitos recursos, ranger, mas nunca esperei tanto… – a pesar do cansaço, da poeira e sujeira, Natasha estava mais linda que nunca.

Corremos até a sala do Códex e as portas mágicas se abriram silenciosamente revelando o grande livro que flutuava no ar, suspenso pelo próprio poder das magias ancestrais. Natasha pegou o livro cuidadosamente e folheou rapidamente as páginas.

-Finalmente… Finalmente!!! – ela se virou para mim afastando os cabelos negros da testa e sorrindo. Só que agora nos seus olhos brilhava uma indisfarçável malícia – Obrigada, ranger. Ninguém mais teria conseguido uma proeza assim.

Claro que só então eu percebi a verdade.

– Agora eu acredito, suas habilidades de sedução são irresistíveis, Iggwilv…

Atrás de mim, as botas de ferro de uma centena de orcs martelavam o chão, se aproximando.

Iggwilv a Rainha Bruxa

Artefatos divinos, magias e exércitos são a base do poder de muitos personagens do RPG que marcaram história ao longo das décadas mas pior que um vilão poderoso é o vilão astucioso cujas maquinações envolvem reinos, mundos e se estendem ao longo dos séculos. Se você juntar poder com inteligência e um irresistível poder de sedução, você provavelmente está lidando com Iggwilv.

Com vocês a 13ª colocada no ranking dos maiores vilões de Dungeons and Dragons: Iggwilv, a Rainha Bruxa!!!!

A consorte (auto-imposta) do arquidemônio Graz’zt, mãe de Iuz, o maligno; rainha-bruxa do território das Perrenlands e autora do maligno Demonomicon tem uma das mais ricas e obscuras histórias do D&D. A bruxa é poderosíssima, tendo entre seus mestres os maiores magos do mundo de Greyhawk (o primeiro mundo de D&D) e do multiverso. Completamente maligna e faminta de poder, ela pôs em andamento centenas de planos que abalaram e transformaram o mundo inteiro, muitos deles foram debelados por heróis e aventureiros, mas outros ainda estão em andamento sem se deter mesmo ante as várias “mortes” da própria Iggwilv. Manipuladora ao extremo, ela usa da astúcia e sedução para alcançar seus objetivos sem se revelar e prefere governar por trás das cortinas antes que se expor. Ela parece imune ao passar dos anos mas se sabe que possui duas formas: uma bela mulher alta e morena com olhos totalmente negros e uma velha retorcida pela idade. Qual a verdadeira?

Origens

Conta a lenda que Gary Gaygax recebeu uma carta de uma menina que lhe pediu para fazer uma magia para D&D que envolvesse o riso. Tocado pela missiva, o grande G. criou uma das mais sacanas magias de todos os tempos “O riso incontrolável de Tasha”, uma magia que provocava, bom, um riso… incontrolável. A graça, claro, era que o jogador precisava ficar rindo enquanto o seu personagem era lindamente ferrado na aventura. Gygax inclui Tasha como um dos membros do Círculo dos Oito, um poderoso grupo de magos de Greyhawk do qual ela se tornou uma impiedosa inimiga depois. Quem conhece um pouco da história de Greyhawk, lembra que ese grupo era bem… complicado, com seus membros maquinando uns contra os outros o tempo inteiro.

Tasha traiu o Círculo e começou sua carreira solo. A partir daí, as coisas ficam confusas com muitos artigos, contos e aventuras que contam um pouco mais sobre ela ao longo dos quarenta anos de D&D…

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História

Diz-se que Iggwilv foi discípula de Natasha, a escura (Tasha), da lendária bruxa Baba Yaga, e que se distinguiu pela sua maldade e ambição. Depois de séculos com destino incerto, ela reapareceu na Cidade de Greyhawk e foi aceita como discípula pelo arquimago Zagyg Yragerne (que tempos depois alcançaria poder suficiente para ascender ao status de divindade). Com Zagyg, Natasha aprendeu muitos segredos e cresceu em poder se aventurando pelo multiverso com a Companhia dos Sete, o grupo de aventureiros de Zagyg e entrando em contato com poderosos demônios. Por fim, ela foi embora levando algumas “lembranças” entre as quais o Tomo Zyx que detalhava o Abismo e seus horrores (sim, o tomo x, y, z… Gygax tinha pouca paciência para nomes, perceberam que Zagyg é Gygax ao contrario? 😉 ). Esse tomo seria o núcleo de sua obra mais infame: o Demonomicon, produzido durante as suas longas andanças pelo Abismo, uma dimensão demoníaca, suas pesquisas sobre os habitantes do lugar e suas maquinações para governar das sombras.

Iggwilv teve sua primeira menção na aventura The lost caverns of Tsojcanth, na qual se conta que ela se apropriou do complexo construído pelo mago ancião Tsojcanth e dos seus segredos dominando o próprio mago e fazendo-o trabalhar para ela. Sua base era uma montanha afilada e retorcida que ficou conhecida como o Chifre da Bruxa, em suas profundezas se escondiam os segredos e armadilhas do antigo mago e um portal para o próprio Abismo, do qual Iggwilv pretendia despejar uma inundação de demônios sobre o mundo.

Com a intenção de reunir poder e conhecimento, Iggwilv conseguiu capturar o arquidemônio Graz’zt usando a Lanterna Maravilhosa de Daoud e, durante o cativeiro, a maga teve um romance forçado com Graz’zt do qual nasceu o infame Iuz, um semideus maligno de grande beleza que passou a aterrorizar o mundo a partir seu império no Norte. Claro que a relação entre a maga e o demônio não era motivada pelo amor, mas por interesses mútuos temporários…

Depois de anos de preparação, ela lançou um grande exército contra as terras próximas, conquistando-as completamente e iniciando um reino de terror que durou dez anos e no qual saqueu a seu bel prazer reunindo enormes tesouros no seu covil…

Porém, no seu momento de maior poder, Iggwilv foi surprendida pela súbita rebelião do mago Tsojcanth á qual se seguiu ma terrível batalha mágica que abalou os alicerces do Chifre da Bruxa. Ainda que vitoriosa, Iggwilv não teve tempo para se recuperar pois foi imediatamente atacada pelo seu consorte Graz’zt, livre das amarras mágicas. Uma segunda batalha aconteceu e, tremam, Iggwilv destruiu a forma física do demônio, banindo-o para o Abismo. Durante a batalha, o meio-demônio Iuz foi terrivelmente desfigurado e assumiu duas formas alternativas: um homem velho coberto de cicatrizes e um demônio parecido com o progenitor.

Agora completamente esgotada, Iggwilv não pôde manter o domínio sobre as Perrenlands que rapidamente se libertaram expulsando seus exércitos de monstros. A rainha-bruxa desapareceu para o mundo por tanto tempo que foi considerada morta… Os tesouros acumulados sob a sua montanha foram saqueados por muitos grupos de aventureiros e poderosos itens e artefatos dispersos pelo mundo. Em uma dessas incursões, foi encontrada e morta uma filha de Iggwilv: Drelnza, uma vampira que guardava seus maiores tesouros e entre eles o pérfido Demonomicon.

Algum tempo depois, Iggwilv foi capturada por Graz’zt que teve o prazer de se vingar da humilhação de ser escravo sexual de uma bela mulher durante dez anos (percebam a mina ironia). Mas a malandra conseguiu escapar e ainda tentou mais alguns planos diretos de domínio mundial que falharam graças a intervenção de aventureiros intrometidos mas sempre cobrando um alto preço para as vítimas…

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Como Iggwilv pouca é bobagem, um servidor rebelde de Iuz conseguiu criar um simulacro de Iggwilv, uma versão mais fraca que ele pretendia usar para completar os planos de seu mestre (sem seu conhecimento, claro). Entretanto, mesmo essa versão mais fraca se mostrou perigosa demais para controlar e seguiu com seus próprios planos, se embrenhando nas profundezas do Castelo Greyhawk, seu antigo lugar de estudos… O destino dessa (ou dessas) cópias é incerto… Aventureiros que entram nas catacumbas de Greyhawk contam que ali há centenas de itens e artefatos poderosos reunidos durante milênios pelo mago Zagyg e ela estaria atrás de alguns bem específicos seguindo um plano incompreensível.

A última aparição oficial de Iggwilv foi no arco de aventuras Savage Tide, a campanha épica que encerra a terceira edição do D&D, colocando os aventureiros contra o próprio Demogorgon com uma pequena ajuda da Rainha Bruxa, interessada em um artefato em posse do seu rival pelo controle do Abismo.

Não se conhece o paradeiro atual de Iggwilv, e ainda não há menções (que eu saiba) na 5a Ed, as informações mais recentes estão contidas no Demonomicon da 4ªed de D&D, onde se fala de suas pesquisas sobre os demônios do Abismo e seus esforços para manipular os mais poderosos entre eles para leva-los a avançar os seus interesses.

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Stranger Things: Quem diabos é Demogorgon?

A excelente série Stranger Things, da Netflix, criou uma onda nostálgica no público tocando temas caros à nossa infância (especialmente os desajustados conhecidos como nerds, quando isso ainda era xingamento) e pôs na boca do público o curioso nome de Demogorgon, apresentado como uma presença sinistra que parece habitar entre a realidade e a fantasia das crianças que movem a história.

Mas quem diabos é Demorgorgon? Na verdade, ele é um demônio, ou Lorde Demônio do Abismo, uma das criaturas mais poderosas e apavorantes da mitologia de Dungeons & Dragons, cuja mera presença espalha a insanidade corrompendo o próprio tecido da realidade!

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História do bicho

Demogorgon, o Príncipe dos Demônios (autoproclamado e disputando o título com os Lordes Demônios Orcus e Graz’zt…) faz parte de D&D desde tempos imemoriais. Sua primeira aparição aconteceu no suplemento Gaygaxiano Eldritch Wizardry (complemento para a venerável caixa branca original – ou D&D Zero Edition), quando se introduziram os demônios no jogo (o que causou muitos problemas…) e elementos que acompanharam todas as seguintes encarnações de D&D como Orcus e O Cajado das Sete Partes (se alguém conhecer uma tradução melhor que “vara”, agradeço…) reformulados na 4ªEd e atualizados novamente na 5ªEd incorporando elementos novos e clássicos.

Como muitos outros elementos criados pelo grande Gygax, no início Demogorgon era apenas um nome puxado de algum lugar e adaptado para ser colocado no jogo sem muito contexto. Se pesquisarmos na mitologia, Demogorgon descobriremos que ele era um demônio da antiguidade citado em obras como O Paraíso Perdido, de John Milton no inventário dos anjos caídos com Lúcifer.

Na mitologia de D&D, ele é um demônio do Abismo, um plano de caos e maldade absolutos. Maaaaaas, por causa das encrencas com grupos religiosos que começaram a hostilizar o jogo ainda na década de ’80 quando o D&D se popularizou entre jovens e adolescentes, os Demônios (Caos/Abismo) foram rebatizados Tanar’ri e os Diabos (Ordem/Nove Infernos) de Baatezu.

DemogorgonA aparência de Demogorgon espelha bem a Primeira Era de D&D, onde bastava misturar alguns bichos e fazer os jogadores gritarem bem alto… (ninguém fala nada do Urso Coruja!!!)
Demogorgon tem mais de cinco metros de altura (Grande pra Enorme). Com duas cabeças de babuíno, corpo alongado e reptiliano, pescoço serpentino, tentáculos, pernas de réptil e duas caudas… Caramba!!! Nem a mãe dele deve ter amado!!! Na verdade, contam as lendas que ele teve… duas mães!!!! Vivam com isso!

A brincadeira não acaba por aí… O maior segredo de Demogorgon é que cada cabeça possui sua própria personalidade: Aameul e Hethradiah, e por causa da natureza destrutiva dos demônios, cada uma delas fica arquitetando planos para destruir a outra e se libertar! (ou não… quem entende Demogorgon???). Os planos de Demogorgon são frequentemente esquizofrênicos e contraditórios pois cada cabeça pode eventualmente esconder planos da outra e os cultistas tem que se virar para cumprir seus objetivos (quem mandou?!)…

Demogorgon é o autoproclamado senhor das bestas selvagens, malignas e degeneradas, a Besta Sibilante. Não é um “deus verdadeiro”, porém. Entre seus cultistas se encontram seres malignos, loucos e maníacos do pior tipo que se regozijam nos atos mais vis e incompreensíveis. Na 3ª edição, no Book of Vile Darkness, encontramos o seguinte camarada: Quill, meio elfo, ladino. É um psicopata, estuprador e necrofílico. Tem que ter estômago, pessoal.

Os cultistas de Demogorgon especialmente devotados (seja lá o que isso signifique e, com certeza, não pode ser coisa boa pra nós) podem receber uma benção na forma de um membro transformado em tentáculo (valeu, era tudo o que eu queria…) além de poderes e ataques especiais. Normalmente são párias e trabalham sozinhos mas podem reunir uma seita. Se puderem, vão tentar destruir outros cultistas já que eles estão sempre sob ordens contraditórias e perseguindo objetivos de uma ou outra personalidade de Demogorgon.

Ele é o senhor de um domínio dual no Abismo: a Floresta Ululante (90ª camada) uma selva tropical aparentemente infinita cheia de doenças horríveis e povoada por criaturas primitivas e bestiais; e o Precipício (88ª camada) um mar turbulento alimentado pelo Rio de Sangue e drenado pela Cascata de Sangue (adivinhem do que é o mar…) e percorrido por criaturas ciclópeas. No fundo do mar, Dagon espreita… No começo da existência do Abismo, ele desafiou Demogorgon pela supremacia, mas agora parece se curvar (sim, eu sei, cadê a camada 89º?! perguntem para o Demogorgon, não duvido que ele tenha comido).

Como é um personagem que tem acompanhado D&D desde seus primóridios, Demogorgon sofreu muitas mudanças enquanto o jogo evoluia. De um tanar’ri até a 3ªEdição, ele passou a ser um Primordial na 4ª. Ele foi mais detalhado nos artigos da antiga Dragon Magazine através das páginas do Demonomicon da bruxa lendária Iggwilv. São especialmente recomendados a Dragon 357 e a edição gêmea, Dungeon 120. A Dungeon 150, tem uma aventura épica e provavelmente suicida para enfrentá-lo encerrando a 3ªed.

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Até a 3ª Edição, ele era um tanar’ri imensamente poderoso, mas que não conseguia sobrepujar seus rivais Orcus e Gratz’z. Na 4ª Ed. ele foi ascendido a Primordial, as manifestações elementais da Criação antes dos Deuses Celestiais. Assim como os outros Primordiais, ele era um ser amoral mas supremamente poderoso. Com a corrupção do primordial Tharizdun pela Estilha do Mal (um objeto de absoluta maldade originado em um universo moribundo), a conflagração da Guerra da Alvorada e a criação do Abismo vários Primordiais lutaram pela posse da Estilha e nesse processo foram se tornando criaturas essencialmente malignas, e ainda mais poderosas. Entre elas Demogorgon, Orcus e Dagon. Na luta pela supremacia, a Estilha foi perdida nas profundezas do Abismo e o desejo de possui-la devora todos eles, assim como o medo de ser dominados por sua vez pela vontade desse artefato que busca corromper todas as coisas.

Na 5ªEd, Demogrogon foi novamente atualizado, ele agora é um Demon Lord, eles são seres ligados à caótica e maligna dimensão do Abismo e com poder equivalente aos deuses. Demogorgon está associado à loucura, sua presença (assim como a dos demais Demon Lords) lentamente espalha a corrupção e a insanidade por onde ele passa e todos os seus seguidores lentamente se tornam insanos (mas já não eram quando toparam ser seguidores dele???). Demogorgon faz a sua estréia em D&D 5ªEd na iniciativa Rage of Demons, e aparece com toda a sua glória na campanha Out of the Abyss, chegando ao Underdark de Faerun graças a uma megaburrada do arquimago drow Gromph Baenre.

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Fatos curiosos

O Book of Vile Darkness da 3ª ed. provocou uma senhora polêmica quando apresentou Demogorgon com cabeças de hiena. Os puristas e fãs mais exaltados fizeram tanto barulho por essa alteração que o próprio autor, Monte Cook, um dos principais autores de D&D, teve que dar a cara a tapa perguntando se o diabo das cabeças de babuíno eram sagradas. Tomou tapa aos montes porque, sim, é importante!!!! Faz parte da coerência interna e da história de D&D! Na 4ªEd. temos o prazer de contemplar essas duas belas cabeças simiescas (babuinos são simios?) na capa do Monster Manual II que trouxe atualizações de outras edições e monstros especialmente medonhos…

Para os amantes de videogames (Cuidado spoiler de Baldur’s Gate 2 vindo!), Demogorgon é a ameaça final de Baldur’s Gate II. Os heróis podem encará-lo com grandes chances de morrer ou soltá-lo no mundo para completar sua ascensão à divindade.

Demogorgon foi escolhido na Dragon Magazine 359 (a última edição física) como um dos vinte maiores vilões de D&D de todos os tempos. Ficou com o 16º posto em escala descendente, perdeu para monstros (rá) sagrados como Vecna, 17º; Loth (segura essa!!!) 18º; Tiamat e o Conde Strahd Von Zarovich. Então, moleques, peçam ao mestre para incluir nosso amiguinho acima. E morram gritando…

Este artigo não tem a pretensão de ser exaustivo ou completo. Complementem, discutam e xinguem à vontade.

   Heil, Demogorgon!!!

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Fontes:

Demonomicon.
Book of Vile Darkness (3ª)
Monster Manual (várias edições)
Manual dos Planos.
Out of the Abyss – Resenha do módulo de D&D 5E.
Muita Internet