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Stranger Things: Um viva para a Cultura Geek e o D&D!

Hoje escreverei sobre uma série que vi na Netflix e que me fez pensar o quanto o RPG, especificamente o D&D, estão inseridos intrinsicamente tanto na cultura POP, quanto no cidadão que me tornei. Vejo também isto vivo em parte da geração X, entre 30 e 50 anos, devidamente representados em todo seu esplendor na série Stranger Things. Já vou falando que alguns spoilers acabarei por soltar, mas evitarei ao máximo, assim, não leia o próximo paragrafo se não quiser saber nada desta obra prima.

https://www.youtube.com/watch?v=LgFOjRR9uac

Bom esta é uma série de suspense que literalmente mistura conceitos de outras séries e filmes como os de Além da Imaginação, E.T., Gonnies, Polterigeist, Garotos Perdidos, Arquivo X, Carrie a Estranha e principalmente uma robusta memória histórica de Dungeons & Dragons. Se até agora você não faz ideia do que são estas referências é porque não viveu ou estudou a dita “década perdida”, os anos 80, que para mim de perdida não tem nada!

strangerthings 4A série é um verdadeiro memorial do estilo de vida dos anos 80, mas a parte impressionante é como o roteiro encaixa isso tudo em uma trama de ficção, nostalgia e suspense eletrizante sem forçar como uma série de época. Ela conta a história de uma cidade pequena e pacata dos Estados Unidos que de uma hora para outra começa a ter desparecimentos inexplicáveis, aos quais parecem ter ligação com experimentos de uma instalação do governo americano situada nas redondezas e forças aterrorizantes atuando em paralelo.

Fato é que o principal núcleo de protagonistas da série é formado por um grupo de amigos pré-adolescentes que passam suas horas de “folga” nesta cidade jogando Dungeons & Dragons, na melhor caracterização de nerds típico daqueles tempos. Acontece que um dos jogadores, após um destes jogos, no retorno para sua casa, se torna o primeiro dos desaparecidos sem deixar rastros e começa então uma busca por ele.

Por aí a trama se desenrola, envolvendo os familiares destes garotos, a polícia e os cidadãos desta então pacata cidade. Durante o desenvolvimento do enredo é possível observar várias referências ao jogo de D&D e os laços profundos de amizades personificados pelas partidas realizadas no porão da casa de um deles, outro clichê típico do jogador de RPG nos anos 80, pelo menos nos Estados Unidos.

rpg03_Stranger_Things_05Os roteiristas fazem uma ligação direta da personalidade de cada um dos personagens deste núcleo dos garotos com as atitudes deles no jogo, mostrando como aquelas crianças simulam situações nas partidas de RPG e que de uma hora para outra as mesmas se materializam na vida deles em um contexto diferente. Muito intrigante é ver como através desta experiência de simulação acumulada e da imersão na cultura Geek, os garotos resolvem problemas que os outros não conseguem nem sequer compreender.

Assistindo a série, esperem ótimas referencias e citações da cultura Geek como: “Nunca divida o grupo”, comparações de situações em paralelos com a mitologia de D&D e até mesmo citações as aventuras clássicas do jogo como a Bloodstone Pass. Um verdadeiro fan service entregue aos admiradores do melhor RPG do mundo, tanto quanto da cultura Geek e também uma deliciosa nostalgia para quem viveu nestes doces anos.

No fim dos oito episódios de 1 hora, ficou para mim claro o quanto eu sou como estes garotos e que em situações menos fantásticas eu também uso muito hoje no meu dia a dia o que naturalmente aprendi, digo, continuo aprendendo jogando D&D. As simulações que vivencio no jogo me fizeram melhor preparado para as interações com as situações que vivo e o peso que isso teve no meu desenvolvimento como profissional e ser humano são enormes.

Um viva ao D&D e a cultura Geek, que venha a segunda temporada que já está confirmada do Stranger Things!