Categorias
Post

Stranger Things: Quem diabos é Demogorgon?

A excelente série Stranger Things, da Netflix, criou uma onda nostálgica no público tocando temas caros à nossa infância (especialmente os desajustados conhecidos como nerds, quando isso ainda era xingamento) e pôs na boca do público o curioso nome de Demogorgon, apresentado como uma presença sinistra que parece habitar entre a realidade e a fantasia das crianças que movem a história.

Mas quem diabos é Demorgorgon? Na verdade, ele é um demônio, ou Lorde Demônio do Abismo, uma das criaturas mais poderosas e apavorantes da mitologia de Dungeons & Dragons, cuja mera presença espalha a insanidade corrompendo o próprio tecido da realidade!

DemogorgonRising_TH

História do bicho

Demogorgon, o Príncipe dos Demônios (autoproclamado e disputando o título com os Lordes Demônios Orcus e Graz’zt…) faz parte de D&D desde tempos imemoriais. Sua primeira aparição aconteceu no suplemento Gaygaxiano Eldritch Wizardry (complemento para a venerável caixa branca original – ou D&D Zero Edition), quando se introduziram os demônios no jogo (o que causou muitos problemas…) e elementos que acompanharam todas as seguintes encarnações de D&D como Orcus e O Cajado das Sete Partes (se alguém conhecer uma tradução melhor que “vara”, agradeço…) reformulados na 4ªEd e atualizados novamente na 5ªEd incorporando elementos novos e clássicos.

Como muitos outros elementos criados pelo grande Gygax, no início Demogorgon era apenas um nome puxado de algum lugar e adaptado para ser colocado no jogo sem muito contexto. Se pesquisarmos na mitologia, Demogorgon descobriremos que ele era um demônio da antiguidade citado em obras como O Paraíso Perdido, de John Milton no inventário dos anjos caídos com Lúcifer.

Na mitologia de D&D, ele é um demônio do Abismo, um plano de caos e maldade absolutos. Maaaaaas, por causa das encrencas com grupos religiosos que começaram a hostilizar o jogo ainda na década de ’80 quando o D&D se popularizou entre jovens e adolescentes, os Demônios (Caos/Abismo) foram rebatizados Tanar’ri e os Diabos (Ordem/Nove Infernos) de Baatezu.

DemogorgonA aparência de Demogorgon espelha bem a Primeira Era de D&D, onde bastava misturar alguns bichos e fazer os jogadores gritarem bem alto… (ninguém fala nada do Urso Coruja!!!)
Demogorgon tem mais de cinco metros de altura (Grande pra Enorme). Com duas cabeças de babuíno, corpo alongado e reptiliano, pescoço serpentino, tentáculos, pernas de réptil e duas caudas… Caramba!!! Nem a mãe dele deve ter amado!!! Na verdade, contam as lendas que ele teve… duas mães!!!! Vivam com isso!

A brincadeira não acaba por aí… O maior segredo de Demogorgon é que cada cabeça possui sua própria personalidade: Aameul e Hethradiah, e por causa da natureza destrutiva dos demônios, cada uma delas fica arquitetando planos para destruir a outra e se libertar! (ou não… quem entende Demogorgon???). Os planos de Demogorgon são frequentemente esquizofrênicos e contraditórios pois cada cabeça pode eventualmente esconder planos da outra e os cultistas tem que se virar para cumprir seus objetivos (quem mandou?!)…

Demogorgon é o autoproclamado senhor das bestas selvagens, malignas e degeneradas, a Besta Sibilante. Não é um “deus verdadeiro”, porém. Entre seus cultistas se encontram seres malignos, loucos e maníacos do pior tipo que se regozijam nos atos mais vis e incompreensíveis. Na 3ª edição, no Book of Vile Darkness, encontramos o seguinte camarada: Quill, meio elfo, ladino. É um psicopata, estuprador e necrofílico. Tem que ter estômago, pessoal.

Os cultistas de Demogorgon especialmente devotados (seja lá o que isso signifique e, com certeza, não pode ser coisa boa pra nós) podem receber uma benção na forma de um membro transformado em tentáculo (valeu, era tudo o que eu queria…) além de poderes e ataques especiais. Normalmente são párias e trabalham sozinhos mas podem reunir uma seita. Se puderem, vão tentar destruir outros cultistas já que eles estão sempre sob ordens contraditórias e perseguindo objetivos de uma ou outra personalidade de Demogorgon.

Ele é o senhor de um domínio dual no Abismo: a Floresta Ululante (90ª camada) uma selva tropical aparentemente infinita cheia de doenças horríveis e povoada por criaturas primitivas e bestiais; e o Precipício (88ª camada) um mar turbulento alimentado pelo Rio de Sangue e drenado pela Cascata de Sangue (adivinhem do que é o mar…) e percorrido por criaturas ciclópeas. No fundo do mar, Dagon espreita… No começo da existência do Abismo, ele desafiou Demogorgon pela supremacia, mas agora parece se curvar (sim, eu sei, cadê a camada 89º?! perguntem para o Demogorgon, não duvido que ele tenha comido).

Como é um personagem que tem acompanhado D&D desde seus primóridios, Demogorgon sofreu muitas mudanças enquanto o jogo evoluia. De um tanar’ri até a 3ªEdição, ele passou a ser um Primordial na 4ª. Ele foi mais detalhado nos artigos da antiga Dragon Magazine através das páginas do Demonomicon da bruxa lendária Iggwilv. São especialmente recomendados a Dragon 357 e a edição gêmea, Dungeon 120. A Dungeon 150, tem uma aventura épica e provavelmente suicida para enfrentá-lo encerrando a 3ªed.

Sem título
Até a 3ª Edição, ele era um tanar’ri imensamente poderoso, mas que não conseguia sobrepujar seus rivais Orcus e Gratz’z. Na 4ª Ed. ele foi ascendido a Primordial, as manifestações elementais da Criação antes dos Deuses Celestiais. Assim como os outros Primordiais, ele era um ser amoral mas supremamente poderoso. Com a corrupção do primordial Tharizdun pela Estilha do Mal (um objeto de absoluta maldade originado em um universo moribundo), a conflagração da Guerra da Alvorada e a criação do Abismo vários Primordiais lutaram pela posse da Estilha e nesse processo foram se tornando criaturas essencialmente malignas, e ainda mais poderosas. Entre elas Demogorgon, Orcus e Dagon. Na luta pela supremacia, a Estilha foi perdida nas profundezas do Abismo e o desejo de possui-la devora todos eles, assim como o medo de ser dominados por sua vez pela vontade desse artefato que busca corromper todas as coisas.

Na 5ªEd, Demogrogon foi novamente atualizado, ele agora é um Demon Lord, eles são seres ligados à caótica e maligna dimensão do Abismo e com poder equivalente aos deuses. Demogorgon está associado à loucura, sua presença (assim como a dos demais Demon Lords) lentamente espalha a corrupção e a insanidade por onde ele passa e todos os seus seguidores lentamente se tornam insanos (mas já não eram quando toparam ser seguidores dele???). Demogorgon faz a sua estréia em D&D 5ªEd na iniciativa Rage of Demons, e aparece com toda a sua glória na campanha Out of the Abyss, chegando ao Underdark de Faerun graças a uma megaburrada do arquimago drow Gromph Baenre.

dungeonmagazine150

Fatos curiosos

O Book of Vile Darkness da 3ª ed. provocou uma senhora polêmica quando apresentou Demogorgon com cabeças de hiena. Os puristas e fãs mais exaltados fizeram tanto barulho por essa alteração que o próprio autor, Monte Cook, um dos principais autores de D&D, teve que dar a cara a tapa perguntando se o diabo das cabeças de babuíno eram sagradas. Tomou tapa aos montes porque, sim, é importante!!!! Faz parte da coerência interna e da história de D&D! Na 4ªEd. temos o prazer de contemplar essas duas belas cabeças simiescas (babuinos são simios?) na capa do Monster Manual II que trouxe atualizações de outras edições e monstros especialmente medonhos…

Para os amantes de videogames (Cuidado spoiler de Baldur’s Gate 2 vindo!), Demogorgon é a ameaça final de Baldur’s Gate II. Os heróis podem encará-lo com grandes chances de morrer ou soltá-lo no mundo para completar sua ascensão à divindade.

Demogorgon foi escolhido na Dragon Magazine 359 (a última edição física) como um dos vinte maiores vilões de D&D de todos os tempos. Ficou com o 16º posto em escala descendente, perdeu para monstros (rá) sagrados como Vecna, 17º; Loth (segura essa!!!) 18º; Tiamat e o Conde Strahd Von Zarovich. Então, moleques, peçam ao mestre para incluir nosso amiguinho acima. E morram gritando…

Este artigo não tem a pretensão de ser exaustivo ou completo. Complementem, discutam e xinguem à vontade.

   Heil, Demogorgon!!!

CuteDemogorgon-1-213x300


Fontes:

Demonomicon.
Book of Vile Darkness (3ª)
Monster Manual (várias edições)
Manual dos Planos.
Out of the Abyss – Resenha do módulo de D&D 5E.
Muita Internet

Categorias
Post

De volta outra vez!

Dragão VermelhoOu, como diria Tolkien, “There and back again“, para mais aventuras. Quase um ano depois do nosso post de despedida, finalmente tomei coragem de investir pelo menos de três a cinco horas da minha semana para gravar e editar um podcast. Por dois motivos.

O primeiro, é porque eu gosto de RPG, gosto de falar sobre isso, gosto de bater papo com o Davi sobre o assunto. E, porque está no sangue: meu pai até hoje é radialista na Rádio Cultura de Poços de Caldas, e meu avô foi locutor esportivo, narrou até o 1000º gol do pelé.

O segundo são vocês, ouvintes fiéis, que até hoje pedem, comentam e falam sobre o Rolando 20, seja no Twitter, no Google+, até mesmo no Facebook.

Então voltaremos, com um novo formato, mais curto (e mais fácil de editar), e mais diversificado. Falaremos de D&D, mas falaremos de outras coisas também. Teremos quatro “temas” de programa, dois por semana, às terças e quintas, em rodízio. Os temas são:

  • Notícias, novidades e lançamentos. Um episódio mais “temporal”.
  • Jogos, onde falaremos de boardgames, videogames, cardgames e outros jogos que a gente gosta (e joga).
  • História, onde vamos contar histórias de NPCs, lugares, artefatos e outros ícones do D&D e do mundo do RPG.
  • Livros, onde resenharemos livros, de ficção ou mesmo de RPG.

Espero lançar o primeiro episódio no dia 5 de Fevereiro, daqui à uma semana. Me avisem se tiverem dúvidas, sugestões e o que seja. Divulguem para quem vocês conheçam que gostem de RPG e de Dungeons & Dragons.

E rolem 20!

Categorias
Ao Vivo Podcast

Rolando 20 Ao Vivo #4 – +História e +5E

Olá Jogadores e DMs!

Bem vindos ao quarto episódio do Rolando 20 Ao Vivo via Google Hangouts On Air. Para ver o vídeo, é só ver aqui em embaixo, ou assine o canal do YouTube.

Nesse episódio falamos de como trazer mais elementos de roleplay nas aventuras de D&D. Comentamos também sobre a aventura de Logan Bonner: Blood Money, e trocamos uma idéia sobre minions e alinhamentos no Dungeons & Dragons 5E (#dndnext)

Veja também o novo quadro: Desafio d20!

Além disso, segue o áudio do video em formato de podcast, que está também no Feed, pra quem baixa pra ouvir no busão. Espero que curtam o bate papo. Deixe seu comentário aqui ou no canal do YouTube.

Não deixem de deixar seu comentário, seja no YouTube, no Google+, no Twitter, ou aqui mesmo, para a gente ir melhorando o formato.

Até!

Categorias
Podcast

Podcast Rolando 20 – Episódio 41 – Boteco

Olá Jogadores e DMs!

Essa semana, eu e o Davi aproveitamos o 1º de Abril para dar relaxo, esquecer o assunto, puxar a cadeira, abrir uma cerveja na taverna e bater o mais puro papo de boteco. Sem compromisso (e sem tempo pra preparar muita coisa), improvisamos um bate papo sobre nossos causos RPGísticos, acontecimentos de encontros, e histórias em geral. Peço desculpas pelo atraso, e na próxima quinzena voltaremos aos assuntos mais sérios!

Lembro que encerramos as inscrições na promoção do Rolando 20, e dia 12 teremos os resultados. Não deixem de nos seguir no Twitter! Sempre tem novidades, dicas e links por lá! E não se esqueça de colaborar com seu podcaster favorito! Ou, se for comprar Dungeons & Dragons na Amazon, é só clicar antes aqui! Vocês também podem deixar seus comentários aí em baixo.

E rolem 20!

Categorias
Podcast

Podcast Rolando 20 – Episódio 39 – A Última Guerra Parte 1

Olá Jogadores e DMs!

E no meio da minha mudança, quase que o episódio 39 não sai! Pra não decepcionar os ouvintes, improvisei esse mono cast, onde conto o começo da história da Última Guerra de Eberron. A história do conflito armado das cinco nações do antigo império de Galifar, que vocês podem usar para conhecer mais sobre o cenário de Eberron, ou mesmo se inspirar para suas próprias aventuras!

Links desse episódios

Lembrando, tirem suas dúvidas de D&D no Formspring.Me, e não deixem de nos seguir no Twitter! Sempre tem novidades, dicas e links por lá!

E não se esqueça de colaborar com seu podcaster favorito! Ou, se for comprar Dungeons & Dragons na Amazon, é só clicar antes aqui! Vocês também podem deixar seus comentários aí em baixo.

E rolem muitos 20!

Categorias
Enquete

Qual foi seu primeiro personagem?

dragon1Na enquete de hoje não teremos votações das tradicionais. Hoje eu pergunto aos leitores e ouvintes do Rolando 20 qual foi o seu primeiro personagem, aquele que até hoje você guarda um carinho ou lembrança; pode ser tanto o Elfo do Hero Quest, aquele seu primeiro anão do D&D da grow, ou o primeiro personagem que você realmente explicou as bolinhas da sua ficha.

Se você é um mestre inveterado, e teve um dos famigerados NPC-PCs, pode ser também. É o meu caso. Na nosso primeira campanha de AD&D, eu fiz um grupo de aventureiros rivais ao dos PCs, que obviamente se juntaram mais tarde contra um inimigo comum. O líder desse bando era Kilvan, o guerreiro. Ele não tinha quase nada de história, mas na primeira sessão com ele, a NPC maga, que era a esposa dele, morreu numa luta contra Aranhas Gigantes. Aí eu acabei com esse personagem meio dramático, meio deprimido, algo meio Caramon depois das crônicas, que foi muito legal.

Categorias
Post

A história de seu personagem

HeroesUma das coisas que eu mais gosto do novo gerador de personagens de D&D para a 4a edição é que eu posso parar de olhar os campos com números em branco, e ficar mais tempo olhando aquela caixinha “História do personagem” por mais tempo. Eu sou da escola em que um personagem de D&D não precisa de uma história imensa; afinal ele pode morrer na primeira sessão de jogo. Sua experiência pode ser diferente, claro.

O mínimo de história é importante para diferenciar seu personagm do anterior. Na minha opinião, um personagem de 1º nível de D&D sempre deveria ter as seguintes informações definidas e escritas na ficha:

  • O conceito do personagem. Que seu PdJ é um Rogue e Striker já dá pra ler na primeira página. Mas o que define seu personagem? É um vigarista? Um Robin Hood? Um ex-marginal? O conceito é muitas vezes uma palavrinha, mas que já dá outra definição ao seu personagem.
  • De onde ele vem? Não precisa preencher páginas descrevendo a bucolidade do Condado, mas diga qual a origem do seu PdJ. Se for um cenário publicado, como Forgotten, é mais fácil, senão, peça uma sugestão ao seu DM se você não conhecer o mundo dele. Essa também é uma palavinha que instantaneamente cria um vínculo com o mundo à volta do PdJ, e já dá alguns ganchos e motivações.
  • Traços particulares. Adicione tempero à gosto: descreva seu PdJ fisicamente, adicione algumas características peculiares e pronto.

Qualquer coisa adicional é bônus: dramas pessoais, família, infância, amigos, negócios não terminados, relacionamentos do passado, e por aí vai. Eu acho que esse tipo de coisa você pode ir adicionando a um personagem a medida que a história vai andando, e a coisa vai funcionando com num livro: você não descobre tudo sobre seu protagonista nas primeiras páginas.

Mas, claro, esse é o caso em que pecar pelo excesso pode ser positivo. Por exemplo, vejam as histórias de personagens legais que o pessoal do RPG Sem Compromisso escreveu, ou ainda a história muito legal que a Dani Toste mandou de sua personagem de D&D Priska.

Vários outros blogs e rpgistas já comentaram sobre esse assunto, dêem uma olhada:

E vocês? Vocês preferem personagens iniciais com pouca história e ir incrementando ou já detalhar o máximo possível?

Imagem de Wayne Reynolds